Como Trabalhar em Homeoffice

Em 2011 eu pedi demissão do escritório de arquitetura em que eu trabalhava. Foi uma decisão difícil, mas mais difícil ainda era lidar com as preocupações causadas devido a doença do meu pai.

Minha bagunça criativa enquanto assitia ao curso on line, algo que tem me
 interessado muito durante a quarentena.

E porque depois de tanto tempo - e de ter escrito sobre isso algumas vezes - decidi voltar a tocar no assunto? Porque vejo a quantidade de pessoas que passou por essa mudança da noite para o dia e mal teve tempo de se organizar para trabalhar de casa.

Comecei a trabalhar por volta dos 20 anos e sempre que estava em casa - ou por ter saído do emprego ou por ter sido demitida - eu tinha certeza que essa vida não era para mim. Não gostava mesmo de ficar em casa.

A luz não favoreceu - tive que desligar a luminária que fica sobre o computador - 
a mesa é razoável, tem telefone, modem, computador com tela grande, 
e uma impressora, além do gaveteiro fixo na bancada. 

Mas o tempo passou e as coisas mudaram. Apesar de ter pedido demissão, as minhas chefes na época me mantiveram trabalhando em homeoffice, algo que naquele momento seria perfeito para mim.

Como arquiteta o que eu preciso para trabalhar em casa é um computador, uma mesa razoável, uma boa internet e um telefone - na época não existia whatssapp. E funcionou muito bem. Eu sou disciplinada, continuava acordando no mesmo horário de sempre, conseguia fazer caminhadas matinais e ainda "chegava" para trabalhar antes das 9 horas da manhã.

Tá meio bagunçado, mas resolve muito bem para mim neste momento. 
Este móvel ao lado consigo organizar boa parte das papeladas 
(projetos, orçamentos, livros) que uso nos meus projetos, 
e a prateleira acima da mesa também libera o espaço na bancada.

Claro que nem todos os dias eram assim, como meu pai estava doente, muitas vezes eu não dormia bem, ou tinha que levantar a noite para ajudar minha mãe, ou precisava passar um período do dia no hospital com ele, esses contratempos que acontecem com quem tem um parente doente. No tempo livre eu trabalhava, independente se fosse 20, 21 ou até mesmo 22 horas. O importante era não deixar os projetos acumularem.

Na época moravam em casa eu e meus pais. Mas como ele estava doente, acabava recebendo muitas visitas durante a semana, minha sobrinha que era bem pequena ficava algumas vezes conosco, sempre tivemos o costume de ter muitas pessoas em casa, tias que moram perto, e inclusive tem as chaves de casa, isso era muito comum.

Para que eles entendessem que eu estava trabalhando, foi difícil no começo. Quando o trabalho era mais tranquilo eu até participava da conversas - meu quarto fica bem próximo da sala - era como se eu estivesse num escritório normal, com colegas de trabalho conversando ao telefone, recebendo fornecedores, discutindo projetos.

Mas quando precisava me concentrar, eu avisava que não podiam me interromper e fechava a porta. Só saia para ir ao banheiro e fazer um lanche no meio da tarde, de resto ficava até mais do que o horário comercial. Aos poucos eles foram se acostumando e eu também.

Outra preocupação era o espaço físico. Sempre tive uma escrivaninha no quarto. Depois virou uma bancada para computador, e por isso era tranquilo transformar o quarto no espaço de trabalho. Tinha internet e telefone, só sentia falta de mais espaço para abrir os projetos, mas fazia como dava, inclusive já os coloquei no chão para enxergar melhor.

Depois de quase nove anos trabalhando de casa - neste meio tempo somente duas vezes eu trabalhei, por pouco tempo, em escritórios presencialmente - eu me acostumei a essa rotina, e sinceramente não me vejo mais trabalhando de outra forma.

Aprendi a lidar com a falta de "colegas" de trabalho, conversando via mensagens com o pessoal da faculdade, dos outros lugares em que trabalhei, e até fiz novas amizades para conversar de outros assuntos, como o artesanato, que teve muita importância neste momento da minha vida.

Com a rotina organizada, eu conseguia sair numa terça feira a tarde para visitar museus, para fazer cursos, ou simplesmente para conversar com as amigas. Pensa se eu sentia saudade do transito da ida e volta do trabalho? Do transporte lotado, do cansaço de ter passado o dia trancada numa sala de escritório? Não mesmo.

Por isso, se você está passando por este momento agora, tenho certeza que as coisas vão se ajeitar e você se adaptar. Segundo Darwin, quem se adapta é quem evolui e não o mais forte.

Farei um post de como aproveitar os espaços da sua casa para transformá-lo num cantinho confortável nestes dias de confinamento. Dicas de arquiteta.


























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